quinta-feira, 31 de julho de 2008

Oquematanãoéabebida,
massimtrabalharantesdomeiodia.


Charles Bukowski

quarta-feira, 30 de julho de 2008

[29/08/91]

Todos nós vamos morrer, que circo! Só isso deveria fazer com que amássemos uns aos outros, mas não faz. Somos aterrorizados e esmagados pelas trivialidades, somos devorados por nada.

[12/09/91]

Não a nada a lamentar sobre amorte, assim como não há nada a lamentar sobre o crescimento de uma flor. O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até a sua morte. Não reverenciam suas próprias vidas, mijam em suas vidas. As pessoas as cagam. Idiotas fodidos. Concentram-se demais em foder, cinema, dinheiro, família, foder. Suas mentes estão cheias de algodão. Engolem Deus sem pensar, engolem o país sem pensar. Esquecem logo como pensar deixam que os outros pensem por elas. Seus cérebros estão entupidos de algodão. São feios, falam feio, caminham feio. Toque para elas a maior música de todos os tempos e elas não conseguem ouví-la. A maioria das mortes das pessoas é uma empulhação. Não sobra nada para morrer.

BUKOWSKI, Charles.

Meio- dia


Ao meio-dia a vida
é impossível.

A luz destrói os segredos:
a luz é crua contra os olhos
ácida para o espírito.

A luz é demais para os homens.
(Porém como o saberias
quando vieste à luz
de ti mesmo?)

Meio-dia! Meio-dia!
A vida é lúcida e impossível.

FONTELA, Orides.

terça-feira, 29 de julho de 2008








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CONFISSÃO
Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!

Mário Quintana
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Kings of Convenience

"Em verdade, quanto às coisas do espírito, de nenhum modo jamais saiu de mim algo que me satisfizesse; e a aprovação dos outros não me basta. Tenho a decisão delicada e difícil e, principalmente no que diz respeito, sinto-me titubear e dobrar de fraqueza. . . Nada tenho em mim, que satisfaça a minha opinião. Tenho a vista boa e precisa, mas ao trabalho se turba. O mesmo me acontece com a poesia; amo-a infinitamente e conheço bastante as obras dos outros, mas sou como uma criança quando lhe quero por a mão, e isso me irrita. Pode-se ser néscio em tudo, menos em poesia.

Tenho sempre na alma a idéia de uma forma melhor do que a executada, mas não consigo apreender nem explorar; de resto, essa idéia mesma é apenas medíocre. Verifico assim que as produções dessas ricas e grandes almas da antiguidade se encontram muito além do extremo limite de minha imaginação e de meu desejo. Seus escritos não somente me satisfazem e me enchem as medidas, mas ainda me assombram e me deixam transido de admiração. Julgo a sua beleza; percebo-a, senão até em seus menores detalhes, pelo menos a fundo, quanto me é permitido. O que quer que empreenda devo um sacrifício às Graças, como diz Plutarco, para merecer-lhe os favôres. . .

... Elas (as Graças) me abandonam; tudo em mim é grosseiro, carece de polidez e de beleza; e minha maneira nada acrescenta ao assunto. Eis por que preciso tê-lo forte, atraente e naturalmente brilhante.

Ademais, minha linguagem nada tem fácil e fluída; é áspera, de formas livres e desordenadas; e assim me apraz, não por opinião, mas por temperamento. Bem sinto, entretanto, que por vêzes me deixo levar a certo excesso e que, a fôrça de querar evitar o artifício e a afetação, caio no defeito oposto.
"

Michel de MONTAIGNEDa presunção